sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Entrevista Exclusiva: The Real Mckenzies

Existem umas dezenas de bandas de qualidade na “Cena Celta”, umas mais "pops", outras mais técnicas ou tradicionais, mas por motivos que fogem a racionalidade um som acaba tocando você, falando mais da sua realidade (mesmo distante de seu país, sua casa e seu trabalho), dividindo suas necessidades e as visões do mundo (ou bar) que ti cerca.
É nesse espírito de milagre e satisfação que entrego, a todos nós oficialmente, a entrevista de peso, com revelações inéditas sobre o novo trabalho desses caras que compartilham a simplicidade que muitas vezes se apaga no decorrer do caminho das bandas que cravaram seu nome da história no Celtic Punk.

Pra fechar nosso ano com Chave de Ouro, esse presentão de Natal do IxPxB, agradecemos muito mesmo, a amistosa recepção de Gord Taylor o Gaiteiro que nos respondeu as perguntas no decorrer de uns 15 dias de bate papo. Gratidão a Chuva Guerra, prestativa e paciente por traduzir quatro página de histórias dos "Punks Canadenses".

Senhores e senhores, eles atenderam ao nosso chamado.


IxPxB: E aí, galera, tudo tranqüilo?
Resposta: Tudo tranqüilo sim. Nós exato momento estamos numa pequena pausa. Acabamos uma turnê pela Europa no verão, uma turnê no Canadá no outono e agora gravamos nosso novo álbum em Nanton, Alberta, Canadá com Steve Loree. Foi como estar no interior por um mês ao invés de São Francisco!
Estaremos partindo para a Europa, Madri especificamente, para o ano novo e essa vai ser uma nova turnê. Espanha, Escócia, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Itália, França e Holanda eu acho. Dê uma olhada nas datas da nossa turnê!

IxPxB: The Real McKenzies começou em 1992, quem teve a idéia e como era a cena underground no Canadá nessa época? Muita coisa mudou de 92 pra cá?
Resposta: Eu sou o cara errado para responder algumas dessas perguntas. Alguns do The Real McKenzies (eu, por exemplo) não são os membros originais. Mas isso é parte da vida. Eu toco a gaita de fole. Provavelmente o quinto da banda. Teve o Matt MacNasty, Raven McLeod, um cara da Simon Fraser University Pipe Band, e mais alguém.
A banda teve provavelmente uns vinte membros entrando e saindo. Consideramos todos membros, só não são membros ativos.
Tivemos Karl Alvarez no baixo, Little Joe Raposo no baixo, Dave Gregg da DOA na guitarra, Boz do Mad Caddies, e atualmente temos Sean Sellers do Good Riddance! É uma maravilha de família talentosa.

IxPxB: Desde os primeiros trabalhos foram dez gravados e um DVD, ou eu estou me esquecendo de algum?
Resposta: Não esqueceu não, é isso mesmo.

IxPxB: A gravação acústica “Shine not Burn” ficou muito boa, cara, parece que eu escolhi aquele repertório a dedo. De quem foi a ideia de fazer algo como aquilo? Ficou bem simples, direto, com uma atmosfera caseira. Tem coisas que não são possíveis capturar em um estúdio. Eu diria melhor impossível.
Resposta: Honestamente eu acho que a banda estava numa certa calmaria de material criativo. Por três anos nós tentamos fazer música em Vancouver, mas nunca chegávamos a lugar nenhum e nada acontecia.
Eu acho que a idéia de fazer o “Shine not Burn” surgiu como uma maneira de fazer um lançamento extra para nossos fãs. Já havíamos adicionado um segmento acústico ao nosso setlist – graças ao “Off The Leash”, e nós podíamos ficar uns dias extras em Dobriach, Millstattersee, nessas lindas cabanas de 500 anos de idade, em um lago maravilhoso. Nós ensaiamos lá por quatro dias antes de tocar no The Sauzipf Festival e depois fomos para Berlim para a gravação. Acho que duraram dois dias.
Você está certo! A melhor coisa sobre o DVD e sobre o álbum “Shine not Burn” foi à captura das qualidades da banda ao vivo. Nós somos caras maneiros pra caralho, sabe. Foi um dos shows mais interativos que eu já vi ou fiz parte. Ninguém é excluído, tudo que sempre queremos é conhecer pessoas e conversar!
E nós temos uma ligação especial com os bares e clubes de Kreuzberg, Berlim. Eles estavam felizes de nos ter lá, e nós estávamos honrados de fazer o show no Wild at Heart em Berlim.

IxPxB: O “Shine not Burn” foi gravado num pub na Alemanha. A casa estava cheia, vocês vão muito pra lá?
Resposta: Sim, o pub chama-se Wild at Heart em Kreuzberg, Berlim, Alemanha. Mutti e Muttis-Booking Bureau de Berlon tem sido tão bons para os McKenzies nesses últimos 10 anos, nos ajudando a construir uma família de pessoas maravilhosas pra caralho.
Todo mundo parece querer ajudar. As pessoas têm doado designs para camisas, vídeos, fotos, puta gestos incríveis. NENHUMA OUTRA BANDA TEM ESSE TIPO DE FÃS. As pessoas têm doado dinheiro pra nós, roupas, comida, abrigo, qualquer coisa. Surpreendente. Simplesmente surpreendente. Não só na Europa, mas em todo lugar do mundo.
Nós amamos a Europa, a Alemanha, e a porra de Berlim, e iremos voltar sempre que chamarem.

IxPxB: Em que ano vocês foram contratados para fazer a campanha da cerveja Kokanee? Como foi? Eles apenas usaram a música de vocês ou vocês tiveram alguma participação no processo de outra maneira?
Resposta: Eu não sei, mas falando nisso, esse ano nós participamos da trilha sonora de um filme familiar de Rick Tucker chamado Little Tyke-Coons. O Rick é um cara ótimo. Ele que deu o tom... na verdade Uli, do Wild at Heart foi gentil o suficiente e nos ajudou a gravar a primeira demo pro Rick no Wild at Heart ano passado. Como eu disse, os alemães são um povo do caralho.

IxPxB: E a cerveja por ai é boa? Acho que não temos essa Kokanee aqui no Brasil.
Resposta: Na Alemanha a cerveja é ótima... mais barata que água. A cerveja canadense que bebemos durante a gravação em Nanton chama-se Pilsner. Era 10 conto um fardinho de 8 cervejas. Eu nunca bebi cerveja brasileira! Talvez um promoter brasileiro devesse ligar para os nossos agentes, Matt e Mike na Stomp Records!

IxPxB: Vocês tocaram com bandas clássicas de diferentes gêneros, como Rancid, NOFX, Misfits e até Metallica, não é? Você poderia falar um pouco dessas experiências?
Resposta: Eu amo tocar nos shows do McKenzies! É como um show sempre imprevisível do caralho! Sempre tem uma grande variedade de bandas com as quais tocamos, desde Bob Long III até The Bellerays, com esperança, NOFX de novo... Eu acho que eles pensam que somos difíceis, mas temos trabalhado muito nos nossos shows, nos nossos vocais e tons, e eu espero voltar a essa rotina... mas yah, o que mais, Planet Smashers, talvez Reverend Horton Heat, seria ótimo.

IxPxB: E com o Sr. Neil Young, vocês já dividiram um palco? Eu digo isso porque ele é um grande nome da música canadense com muitos fãs no Brasil esperando que ele volte, já que só tocou aqui uma vez no Rock in Rio de 2001.
Resposta: Eu sinto muito, esse show foi antes de eu entrar na banda. Mas eu posso dizer a você, o Sr. Young é de Winnipeg como eu, como Randy e como Bone. Nós temos algumas histórias reais de Murder-City no The Real McKenzies.

IxPxB: Vocês já tocaram em muitos lugares na Europa. Alguma viagem ao hemisfério sul?
Resposta: Ainda não fomos convidados para o hemisfério sul. Somos uma máquina de entretenimento feita de sete homens. Fica caro voar por aí e nos manter alimentados e hidratados. Nós realmente precisamos fazer turnês ao invés de shows individuais. Mas não temos ninguém do hemisfério sul entrando em contato de verdade. Talvez vocês não gostem da gente? Hahaha. Nós AMARÍAMOS fazer uma turnê pelo Brasil. Seria muito maravilhoso. Eu ouvi que talvez iremos a Austrália esse ano.

IxPxB: Já escrevemos sobre o Dust Rhinos e sobre o Great Big Sea no nosso blog, são estilos bem diferentes de Celtic Rock dentro da cena canadense, vocês já tocaram juntos?
Resposta: Porra, Dust Rhinos! Bem lembrado! Eles são ótimos! Blair foi parte importante da minha instrução musical na década de 90. Eles são parte das minhas mais antigas memórias em Winnipeg. Tocando “The Toad” no The Hole ou no pub The Kings Head quando eu tinha 13 anos com o Matt MacNasty. Nossa amizade é de longa data. Ele tocou gaita de fole no McKenzies antes de mim. Ele se mudou de Winnipeg quando tinha 17 anos pra se unir à banda, e ficou com ela por uns 11 anos. Mudou a maneira como o mundo vê as gaitas de fole. Eu tenho um grande legado a honrar.
Eu nunca toquei com o Great Big Sea, mas eu me lembro de ficar puto no The Crown Hotel (hoje The Delta) em Winnipeg depois de uma competição de gaita de fole e conhecer Alan Doyle no The Elephant and Castle o saguão do hotel. Meu amigo Nate que estava na minha banda, estava comigo. Nós convidamos Alan Doyle para o nosso quarto de hotel para fazer uma farra e ele até apareceu mais tarde!! A festa estava uma loucura, mas acho ninguém estava conversando com ele. Então o Nate foi até ele e disse “então, você é o Alan Doyle, huh?” ... pausa longa... “Yah” ... pausa mais longa ainda... e o Nate disse “então, como isso tem sido pra você?” hahaha.

IxPxB: Vocês vão continuar com o selo da Fat Wrec Chords?
Resposta: Yah, nosso novo álbum será lançado pela Fat, States e Stomp no Canadá. Não tenho certeza de quem irá disponibilizá-lo no iTunes. Isso pode ser interessante.

IxPxB: Ótimas bandas pertencem a Fat Wrec Chords, em que ano vocês entraram no selo e vocês já fizeram uma coletânea oficial?
Resposta: Eu acho que a banda entrou na Fat há uns 14 anos. Dirty Kurt tem uma camisa velha que diz “IFA Records”, eu acho. Esse foi o primeiro selo que eu vi pelos The McKenzies. Eu acho que Sudden Death veio depois, aí Honest Dons e finalmente Fat e Stomp. Nós temos trabalhado muito com a Stomp enquanto gerenciamento, e estamos começando a ver os resultados disso. Eles farão um ótimo trabalho de publicidade do novo álbum no Canadá e no mundo.
Nenhum de nós tem nada contra a Fat, de verdade. Nós gostamos deles! Eles tem sido muito bons para nós, e lançaram os melhores álbuns do McKenzie, na minha opinião. Você não ouve a guitarra de verdade nos outros CDS’s como nos álbuns “Oot and Aboot”, “10.000 Shots” e “Off The Leash”, lançados pela Fat.
Nós gostaríamos de trabalhar mais perto da Fat num futuro próximo em termos de turnês e projetos. E as coisas parecem boas! Nós mostramos ao Mike nosso novo álbum e ele gostou! Especialmente da faixa secreta que fizemos sobre ele lol. Então eu espero que o Mike veja que estamos andando pra frente. Nós continuamos os velhos caras de sempre, mas também gostamos de fazer um show que podemos ficar orgulhosos agora. Todo show. Às vezes as coisas ainda saem do controle hahaha. Nós irritamos muita gente no passado e agora estamos tentando recompensar e dizer obrigado a todos que continuaram conosco. Nós temos algumas coisas do caralho pra mostrar pra vocês.

IxPxB: Os últimos trabalhos soaram bem leves e mais maduros, com melodias que ficam na cabeça de qualquer bêbado perdido na noite. “Drink Some More” exemplifica muito essa evolução do som. O que podemos esperar para o próximo ano, quantas músicas já estão selecionadas? Já tem algum nome em vista para o álbum?
Resposta: O nosso novo álbum foi chamado de “Westwinds” (vocês são os primeiros, a saber, by the way) e nossa tracklist consiste em 13 faixas e uma secreta. Eu acho que está marcado pala ser lançado em março.
Eu vejo os primeiros três álbuns com um som mais cru. Eles são ótimos pra ouvir as melhores qualidades do The McKenzies. As melodias fáceis de pegar, as músicas de bêbado, o som da guitarra. Fantástico.
Mas com o “Clash of The Tartans” veio um som diferente, que o Paul atribui às qualidades adicionadas por Anthony Walker.
Depois de “Clash” vieram os anos nos quais gravamos tudo em São Francisco. “Oot” e “10.000”, eu era uma pequena parte do processo, mas eu estava naqueles anos, e aqueles tempos foram esquisitos pra caralho. Todos estavam chapados. A música mostra o que a banda consegue fazer com poucas idéias, explorando-as em músicas mais longas. Pensando bem, as músicas que exploravam mais do potencial de vocal do Paul começaram a me tocar exatamente nesses álbuns da Fat.
“Off The Leash” foi feito em São Francisco também, mas ele tem um som diferente pra mim. Chip é um ótimo rock e estávamos mesmo intencionados em participar daquele filme do Scorcese, “The Departed”! (Os Infiltrados) Esse álbum também acendeu uma chama em todos nós para as músicas acústicas.
“Shine not Burn” foi feito bem independente da Fat, apesar de terem bancado. Como você sabe, ele foi gravado ao vivo em Berlin, e eles estavam numa turnê na época, e não estavam presentes durante a gravação.
“Westwinds” é um bicho totalmente diferente. Ele foi gravado e produzido por Steve Loree, um cara que já ganhou muitos prêmios. Pra mim a guitarra soa diferente daqueles álbuns que eu gosto da Fat, mas eu acho que ficou ÓTIMO.
Eu sinto como se o “Westwinds” foi realmente desenhado. Por todos nós. Nós fizemos uma imensa grade de músicas, temas, melodias, letras e um bocado de talento dedicado. Colocamos tudo junto em uma hora. Nossos vocais fazem um papel importante nesse álbum. Acho que nossos vocais tem sempre sido parte importante das nossas apresentações, mas acho que NÓS só percebemos isso há uns dois anos hahaha.
Tem umas 6 músicas de rock puro e fodido. Elas vão deixar vocês loucos. Tem uma faixa com um solo de gaita de fole (como tem em quase todos os álbuns do RMK), tem algumas músicas folks, e outras poppie-sounding. Acho que tem alguma coisa pra todo mundo. Porém, uma coisa que notei, e que até gosto, é que você não vai encontrar muita coisa acústica nesse álbum. Eu sinto como se fosse a gente falando “nós fizemos um trabalho longo dedicado a música acústica, agora é a hora de voltarmos para o lugar de onde viemos, obrigado.”

IxPxB: Vocês ouvem alguma coisa de música brasileira, artista ou gênero? Que referências vocês tem do nosso país, quero dizer, qual é a primeira coisa que vem a cabeça quando escutam a palavra Brasil?
Resposta: Show na praia! Tipo na Espanha, mas melhor! Brasileiro!!

IxPxB: Quando podemos esperar uma visita do The Real Mckenzies aqui em nosso país tropical,abençoado por Deus e bonito por natureza?
Resposta: Estamos esperando pela sua ligação!
Obrigado, seus filhos da puta!

É isso ai gente bonita, até o próximo ano, Sorte na Batalha a todos vocês em 2012.

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