terça-feira, 5 de julho de 2016

Analisando o documentário "Como a cerveja salvou o mundo" do Discovery Channel



A Discovery Channel lançou esse documentário (que pode ser encontrado legendado no link) associando elementos chaves do desenvolvimento da humanidade com o consumo de cerveja. E devo dizer… o documentário é muito bom! Muitas informações que são jogadas na tela batem com o que vem sendo defendido por antropólogos, arqueólogos e historiadores,de uma forma divertida e interessante! Com uma abordagem muito superior a diversos cursos universitários nacionais.

Porém… não sem alguns exageros. O documentário misturam acontecimentos da sociedade humana com os hábitos cervejeiros da humanidade e pulam para uma conclusão precipitada sobre falsa associação. Assim como o documentário separa os tópicos por períodos da civilização, irei fazer o mesmo ressaltando o que é factível da história da humanidade e aonde foram tomadas algumas liberdades criativas para reforçar a premissa do documentário.

Civilizações clássicas
Realmente a humanidade se assentou quando aprendeu a dominar a agricultura e o processo de cultivo favoreceu o desenvolvimento de tecnologias que facilitavam a vida em sociedade. E sim, a cerveja foi um dos primeiros produtos trabalhados da agricultura e é quase consenso que os primeiros escritos sumérios eram sobre receitas de cerveja.

Porém nem todos. Veja, a cerveja não era o único commoditie fabricado e esses textos eram responsáveis por toda as trocas comerciais e registro de trabalho, não só nas trocas e produções de cerveja. E é estabelecido que a domesticação de animais foi desenvolvida junto com a agricultura (que a grosso modo, seria a domesticação de plantas).

Então todas as tecnologias de tratamento de solo, logística e armazenamento de produtos, registros escritos e trocas comerciais foram criados para atender a TODOS os commodities, não só a cerveja. Ainda que ela fosse uma das principais. E sim, os egípicios pagavam seus funcionários com cerveja.

Cerveja e a Medicina
Não há muito o que dizer aqui. É tudo verdade! É comprovado que a produção de cerveja do Antigo Egito usava a bactéria estreptomicetos e esta, por sua vez, produzia o antibiótico chamado “Tetraciclina”. Contanto não é certo se a cerveja era usada de fato para fins medicinais ou a relação era casual.

O mesmo serve para a água suja de vilas medievais que, ao passar pelo processo de fervura de mosto, matava todas as bactérias danosas na água, deixando potável a bebida. Tanto no Egito como na Idade Média crianças também bebiam e pelo simples motivo que a própria ideia de “infância” é um conceito moderno. Por isso não havia preocupação de que crianças bebessem bebidas alcoólicas, ainda que de grau baixo.

Cervejarias e a criação do capitalismo
É uma inocência sem tamanho imaginar que um só produto pode transformar toda a economia, essa pontuação dá um salto enorme na lógica e é falaciosa. Porém a cerveja acompanhou sim as reformas do comércio, mas apenas como um produto em meio a outros. Já falei num texto sobre as “alewifes” e as micro cervejarias medievais. então não há muito a dizer que, apesar da igreja centralizar bastante o comércio de bebidas, existiam sim pequenos comerciantes de cerveja por toda a Europa, por toda a idade média.

No texto também digo sobre como a cerveja e todo o comércio medieval foi prejudicado pela peste negra e como ele se recuperou na modernidade pelo uso do lúpulo, que ajudava a conservação do produto. Mas repito, o comércio não funcionava em função de um só produto e, ao invés da cerveja alimentar a economia, era a economia que proporcionou melhor distribuição do produto.

A cerveja e os EUA colonial
Sim, a fundação dos EUA em Plymouth aconteceu porque os navios estavam sem cerveja e viveram de bebidas fermentadas a base de nozes nos primeiros tempos de colônia e sim, a taverna era um local sociável na idade média e moderna. Não é a toa que a maioria das histórias de fantasia e RPG começam em uma.

A taverna como função social só mudaria no começo da Idade Contemporânea pelos “cafés” franceses. Antes disso as pessoas se juntavam nas tavernas para conversar, trocar informações intelectuais e sim, conspirar contra o governo. E sim, o hino dos EUA foi baseado numa música de bar chamada “To Anacreon in Heaven”.

Cerveja e a a tecnologia moderna
Sim, a técnica de pasteurização criada por Louis Pasteur que possibilitou a sanitarização do leite foi feita em estudo a cerveja e com isso, ele criou a teoria dos germes, revolucionando a medicina e salvado milhares de vidas. E sim, apesar das lagers existirem desde a idade média, sendo fermentadas a temperaturas baixas alcançadas no subsolo, foi a indústria cervejeira que não só financiou a criação de refrigeração artificial para a produção desse estilo em massa, como para o consumo.

Quanto a dizer que a cerveja é a responsável pela automação da industria americana e pelo fim do trabalho infantil, cai no mesmo erro sobre dizer ser a responsável pela criação do capitalismo, ou seja, atribui a apenas um commoditie a transformação de toda a economia, que na verdade é muito mais colaborativa. E é uma teoria liberal consistente que a automação do trabalho favoreceu a diminuição do trabalho infantil, mas não podemos desmerecer as conquistas trabalhistas conquistadas pela organização social.

Conclusão

Um ótimo documentário que acompanha o desenvolvimento da produção e consumo da cerveja em continuidade com o desenvolvimento da humanidade. Mas o documentário peca em imaginar que apenas a cerveja é esse fio condutor civilizatório da humanidade.

Um recurso comum da Nova História, pega-se uma coisa isolada e tenta traçar uma relação da humanidade com o objeto de estudo conforme a ação do tempo. Transitando da micro história para a macro. O que o documentário fez foi adaptar essa ideia para a descrever a história da cerveja, e faz um ótimo trabalho com isso. Porém peca na hora de reservar a cerveja seu lugar na história. Como apenas um objeto em meio a toda criação humana.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Hamonizando uma Irish Red Ale com Tender ao molho laranja



Olá seguidores do maior blog de Irish Punk Brasil do hemisfério sul. Planejava postar essa receita no período do natal, mas me meti em diversas coisas e projetos e fui adiando essa postagem até o presente dia. Portanto, sem mais delongas, vamos a ela.

Irish red ale é uma cerveja um tanto complexa para se harmonizar. O sabor caramelo e denso do malte, o amargor médio, não é qualquer tipo de comida que fecha bem. Para ajudar ainda tinha produzido em casa uma Red Ale com baunilha e cravo, o que dificultava ainda mais uma harmonização que não agredisse esses ingredientes. Mas claro, a espera fez valer a pena.

Para comer:
Esperei com paciência o natal, para poder comprar um tender e fazer um molho agridoce e fazer essa bela experiência. Primeiro deixei assando junto com o chester da ceia em papel alumínio com um molho de pimenta batido no liquidificador que, quem me conhece, sabe qual é.

Em uma panela, estrai suco de três grandes laranjas, deixei esquentando por um tempo a fogo baixo e, com ele desligado, adicionei baunilha, mostarda e uma colher de açúcar mascavo. Quando o tender estava assado retirei o alumínio, adicionei os cravos e reguei com o molho até dourar por fora.

Para beber:
A Irish Red Ale eu fiz com uma dose pesada de malte e uma pequena adição de lúpulo quase a fez se aproximar de sua contra parte americana. Mas a longa maturação a temperaturas frias logo trouxe de novo balanço ao amargor. A baunilha foi adicionada diretamente no barril e o cravo no final da fervura do mosto.
 
O resultado é esse da foto, uma bela ceia de natal com cerveja e comida boa. O que me dizem? Ansiosos para o próximo natal?

Se você for fazer em casa, qualquer Irish Red Ale tradicional, como a da Kilkenny ou da Murphys é uma ótima pedida.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

The Celtas Ride Again o Rock Irish que ecoa nas montanhas das Minas Gerais!!!!!!!!!!!!!!!



Saudações Nação do #IrishPunkBrasil


Há muito acompanhamos os passos dessa banda formada em Belo Horizonte,desde um show no bairro sagrada família quando tive a primeira oportunidade de ver, ouvir e aprender ao vivo(pq felizmente o grande Karl contextualiza os clássicos e conta a história de muitas músicas tocadas pelo The Celtas). Eles representam demais a paixão que movimenta esse blog, moram em nosso coração, e hoje trazemos uma breve entrevista para tratar do album recém lançado!!!!!!!!!

Desejamos todo sucesso no caminho de vcs! contem sempre conosco no processo!


Luz Na Cabeça!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!





Gringo diz que Raul Seixas vive em seu coração, mas que ele estava 

errado.

por Adriana Maximo A afirmação foi feita na abertura da 'Circo do Verão', dia nove de Janeiro, em Marataízes, Espírito Santo, pelo vocalista da banda The Celtas Ride Again - Karl Mooney. O cantor estava se referindo à canção de Raul 'O Diabo é o Pai do Rock'. "Claro que ele não é o pai do rock, a música vem de uma força positiva da natureza, não vem de um lugar escuro - isso é óbvio. Tudo bem, a influência da música é muito forte, particularmente com os jovens, que talvez o diabo gostaria de ser o pai, mas a maioria do rock é feito pelo lado positivo do força, vem da luz mesmo.

" Não me interpretem mal', continuou o cantor, "Raul vive em meu coração, amo Raul Seixas, mas neste caso acho que ele estava totalmente errado". O cantor estava apresentando a nova canção de sua banda, 'The Devil Odeia o Violino', no palco na Praia Central de Marataízes, quando ele fez os comentários. A canção, que é uma paródia da mensagem de Raul, conta a história da destruição do diabo quando ele ouve o som do violino. ‘Seja belo/bela’ (be beautiful) é a mensagem da canção.
A maioria da platéia gostou dos comentários e houve aplausos quando a música começou.


Ouvir Divil online





Esse é o primeiro material gravado de vocês, certo? 

Certo.

Por que demorou até aqui?  

A formação é a mesma desde o começo de 2015. Antes nosso 'line-up' era em "estado de fluxo", você nunca sabia quem ia chegar nos ensaios. Agora temos 5 membros fixos, graças a São Patrick.

O hit luz na cabeça ficou de fora dessa gravação? 

A gente não sabia que era hit até que a gente deixasse ela de fora do disco e as pessoas nos perguntassem rsrs.
A ideia do CD era pra ser mais 'Irish' mesmo, só pra definir este lado do nosso repetório.

Por que o nome Demolition?  

Nosso nome em português seria algo como 'Os Celtas estão de volta'. Pra 'eles' voltarem mesmo, temos que criar um espaço, então, por isso, nós chamamos o CD Demolition. Além do mais, é um jogo de palavras com o cd, que é um material Demo nosso.

Vc poderia nos falar um pouco a respeito de cada música gravada,  a história, a escolha dela,  sobre a versão que fizeram etc.  

Fiesta foi escrita por The Pogues quando eles estavam participando de um filme de Alex Cox na Espanha. Nós abrimos todos os shows com ela. A melodia do refrão é da Liechtensteiner Polka, que até foi usada por Brahma numa propaganda uma vez.

Sally também é da caneta do grande Shane MacGowan, dos Pogues. É uma das músicas que tocamos com Tin Whistle (flauta irlandesa). No começo era um quebra-cabeça pra tocar, mas agora está ótima e é sempre bem recebida.

Dirty Old Town, é de Ewan Mac Coll, colocamos ela por causa da semelhança entre 'Sheffield' - a cidade de mineração na Inglaterra - e Belo Horizonte, onde a banda mora. Aumentamos o final dela, e nós repetimos 'dirty old town', fora isso e nosso arranjo instrumental, ela tá mais ou menos igual ao original.

Follow Me Up to Carlow, é a musica mais sangrenta que nós tocamos. Ela tem 217 anos, mais ou menos. Não é a mais velha do setlist, mas com certeza é a mais sangrenta, com duas cabeças sendo cortadas e mandadas para Rainha Elizabeth pingando sangue.

John Ryan's Polka, é velha também, mais ou menos 120 anos. Na Irlanda ela se chama Sean Ryan's Polka, por que John é um nome inglês. Cada um de nós faz um solo nela. No estúdio, quando chegou a hora pra eu tocar o solo, não consegui, então decidi colocar letra rs. Nunca ouvi ela com letra antes, acho que é a primeira vez que ela não é só instrumental.

The Irish Rover, Os Pogues e os Dubliners tocaram ao vivo no televisao irlandes (RTE) num momento histórico na decada 80. Foi quando os Dubliners passaram o bastão para os Pogues, ou seja, o momento quando os Dubliners falou pra os Pogues 'agora é com vocês'. É uma musica muito UP, muito irish, por isso colocamos no setlist.

Agora que o The Celtas lançou esse material, quais os planos para o futuro?

O Charles, nosso baterista, está com estúdio pronto, e estamos todos com muito ânimo de levar as coisas para o próximo patamar. Estamos ensaiando e gravando, e eu acho que nosso primeiro disco autoral sai do forno logo, provavelmente em setembro. Fora isso, esperamos fazer vários shows neste ano e também nos próximos.

 

sábado, 21 de novembro de 2015

Hooligans United: A Tribute to Rancid

Saudações Nação!!! desde o ano de 2014 começaram alguns rumores sobre a 
produção de um Tributo ao Rancid, em maio desse ano o álbum veio a tona trazendo 51 músicas gravadas por nomes da nova e da antiga geração do underground mundial.



Intitulado "Hooligans United: A Tribute to Rancid "  esse registro ficou foda. Da nova geração eu destaco a faixa número dois "The 11th Hour" interpretada pela magnífica banda The Interrupters que enche o meu peito de esperança em ver bandas novas fazendo um som extremamente bom. The Briggs que pra mim também beira o irish de alguma forma e the Last Gang(com um puta vocal feminino) ajudam a pesar o registro assim como os românticos do The Break Anchor. Uma banda que sempre nos fez muito feliz e continua na ativa é Total Chaos,punx pra caraleo, que nesse álbum marca presença tocando a icônica "Nihilism".  Mas o que nos diz respeito é que algumas bandas do dito irish punk ou celtic rock fazem parte desse episódio, os velhos guerreiros do Street Dogs, de Boston The Tossers e suas boas linhas melódicas e The Mahones da terra do Wolverine representam muito a linha desse humilde blog. Pra você que escutou muito Rancid e deseja uma nova roupagem com um monte de bandas de qualidade esse é um registro que vale a pena escutar.

The Mahones – Last One To Die
Street Dogs – Avenues & Alleyways
 The Tossers – Young Al Capone





Página do Irish Punk Brasil

Grupo do Irish Punk Brasil

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Blind Pigs e Evil Conduct em Belo Horizonte

          Essa resenha não é de nenhum show do gênero irish punk, mas dessa vez vamos quebrar o protocolo, por quê a situação merece.  
       
        A expectativa era grande naquela quinta feira no estado de Minas Gerais, em pleno meio de semana tivemos um show pra ir, cantar, beber e rever os amigos e conhecidos. 

A banda Faca Preta de São Paulo abriu o show e francamente,  como é bom ver que temos uma nova geração fazendo um som dessa qualidade, boa letra, bons refrões, um instrumental encaixado, ganharam minha admiração sem dúvida nenhuma é aquele tipo de apresentação que faz com que você faça questão de ir no próximo som dos caras, aos que ainda não conhecem o som do Faca Preta fica aqui a minha indicação direta e clara: escutem o som desses caras! 

Blind Pigs foi a segunda a subir no palco,  "meo"...  Eu na casa dos meus trinta, o Blind Pigs com mais de vinte anos de estrada, estar ali significava basicamente reforçar os ecos de minha adolescência, riffs  letras e refrões que moldaram meu jeito de pensar e agir. A melhor coisa disso é sentir a reciprocidade do entendimento da importância do que acontecia ali, tanto por parte do público quanto por parte dos caras da banda, a energia a mil num show que entrou pra história da cena underground de Belo Horizonte. Henrike comandando a legião de inconformados no meio do povo, junto do público numa só voz. Música é uma coisa que transcende e nós move a todos, ali entre nossos iguais deixando sair da garganta a empolgação do som, a adrenalina aumentando, endiabrados não podíamos mais parar, essa é a natureza punk rock brasileira.

Algo inconcebível mesmo aconteceu no final daquela noite, como conversamos na porta do show, já chegamos a sonhar com shows difíceis de acontecer en Minas Gerais, "n"  bandas do meio underground que de alguma são mais conhecidas e divulgadas, mas um show do  Evil Conduct direto da Holanda para BH era algo tão distante que sequer foi verbalizado por nenhum de nós e bom... Lá estávamos todos diante dos caras e o som acontecendo, todos os clássicos ali. Um choque desse, numa época árida em termos de cena, é algo fantástico. Aos que restam no barco, do interior ou das capitais, aos que insistem de alguma forma e mantém a chama acesa, aquela quinta feira serviu além de qualquer expectativa. Inflamou muito nossos corações, e provou que a apesar das dificuldades de relacionamento humano, barreiras financeiras e outras tretas típicas, ainda há onde respirar, ainda estamos vivos e a cena pode e deve continuar. Depende de todos, absolutamente todos e cada de um nós, as produtoras, a grandes e pequenas bandas, as casas e espaços de show, selos, blogs, etc.
 Foi assim a noite de quinta em BH, rever velhos e novos amigos de show na porta do rolé,  no consenso geral sabe o que faltou? A molecada de quinze anos de idade. Faço votos que alguma onda venha e comecem a aparecer uma nova geração, há de ser feito um trabalho de base, não podemos ser a última tripulação desse navio.

Galeria de Fotos 


Abrindo a noite os paulistas do faca Preta

Galera cantando e bebendo junta

Blind Pigs
e uma legião de inconformados

Evil Conduct

Han, lenda viva do street punk mundial.
Texto: Willians Roner em coloboração com Patrick Oliveira
Fotos:  Rodrigo Porto | Foka Videos

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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Halloween: Um feriado celta



  
Sábado dia 31 está chegando e com ele chega essa data tão querida para fãs de terror e festas a fantasia como eu. Uma época mística de terror e diversão. Mas, você conhecia as diversas origens que dão base para essa festa já mundialmente conhecia? Do folclore celta a religião cristã, conheça um pouco da história da festa.

Folclore Celta
Como tudo relacionado à pesquisa sobre folclore é bem difícil devido à falta de documentação e escritos do período, não podemos crivar datas ou afirmar exatamente o que estava acontecendo, mas dá pra termos uma ideia das influências que chegaram até nós.
Representação do ritual de Samhaim
As bruxa pira.

Devido aos povos celtas serem ambientados em regiões de climas temperados, onde as mudanças das estações eram bem notáveis e acentuadas, as religiões pagãs tinham uma relação muito íntima com a natureza. Por isso, os Celtas contavam o fim do ano como o fim do verão (vale lembrar que as estações são diferentes no hemisfério norte) e a festa de comemoração de fim de ano era chamada de “Samhain” e significa literalmente “fim do verão”.

Nessa época eram feitas as ultimas colheitas de temporada, tribos conquistadas tinham de pagar tributos aos seus conquistadores e acreditava-se que a barreira que separa o mundo real dos vivos com o mundo mágico dos mortos era quebrada, podendo assim se comunicar com os mortos e sendo considerada uma época propícia para feitiços e magias.

Influência Católica
Sempre foi comum na religião católica de pegar referências das religiões pagãs para converter o povo conquistado para a religião cristã, certamente com os celtas não seria diferente. Para assimilar o festival de Samhain a igreja fixou sua data na véspera do feriado religioso já conhecido como dia de todos os santos, que era celebrado desde século IV.
No México o dia dos mortos
tem uma comemoração especial.


Foi dai que veio a origem do nome como algo próximo que conhecemos hoje “All Hallows' Eve”, ou “véspera do dia de todos os santos”, abreviado do inglês. Para fazer ligação com o caráter sombrio da festa, foi também associando no dia após o dia de todos os santos como o dia dos mortos (dia dos finados, aqui no Brasil). Sendo adotado oficialmente pela igreja como feriado, as festividades se espalharam com mais facilidade fora das fronteiras da Escócia e Irlanda, indo para a Inglaterra e Estados Unidos.

Doces ou travessuras?
O “doçuras ou travessuras” (Trick-or-treat), costume de crianças pedirem doces ou ameaçar fazer brincadeiras com a casa (jogar ovos na porta ou papel higiênico no telhado são os mais comuns) parece ser uma adaptação do costume de pedir comida na casa das pessoas em troca de orações para as almas penadas dos membros da família.

Vale lembrar que para os celtas a festividade vinha após o período de colheita então, os alimentos eram abundantes. Desde o século XIX já era comum as crianças se fantasiarem para fazer a caça aos doces.

Jack O’Lantern
Problem, mate?
Talvez o personagem mais famoso do dia, Jack O’Lantern, é um personagem do folclore irlandês que ficou famoso por ser em vida um bêbado atrapalhado que pregava inúmeras peças no diabo. A mais famosa seria uma vez que fez um demônio subir em uma árvore e, com um estilete, ter desenhado uma cruz na árvore, mantendo o diabo preso na árvore sem poder descer.

Conta-se que quando Jack morreu ele teve sua passagem ao céu negada pela vida de boteco e jogatina, e que também não poderia entrar no inferno porque o diabo simplesmente não confiava nele. Fazendo Jack vagar por toda a eternidade carregando uma lanterna na mão e procurando um lugar para descansar sua alma amaldiçoada.

As “aparições” de Jack são relacionadas ao fenômeno da natureza chamado “fogo-fátuo”, onde o gás metano que sai da decomposição de corpos em matagais e pântanos entra em combustão, causando uma pequena chama no meio da vegetação.

Só queria aproveitar a ocasião para dizer que uma história irlandesa de um bêbado e apostador que enganou o diabo é tão tipicamente irlandesa quanto à história do Saci, um espírito atrevido e trollador que gosta de pregar peças nos outros é tão tipicamente brasileiro.

Cabeça de Abóbora.
Olha pra isso, cara.
O costume de fazer lanternas de cabeças de abóboras está intimamente ligado com a história de Jack O’Lantern. Começou a se acreditar que, para ajudar jack em sua busca por sossego e para que ele não entrasse em sua casa a noite por engano, você deveria acender uma lanterna para ele igual a que ele trazia consigo. Porém a lanterna não era feita de abóbora.
A história é do folclore irlandês e abóboras só existiam na América. Na Europa era usado no lugar um nabo, o que eu acho muito mais assustador em seu resultado final na minha opinião. Quando imigrantes irlandeses levaram o costume para os EUA, não existiam tantos nabos como na Europa, em compensação as abóboras eram fruto muito comum na América.

Sendo assim, feliz halloween a todos! Aproveitem com festas a fantasia e muitos filmes, hqs e jogos de horror! E se algum chato vier com um papo pseudonacionalista sobre valorizar cultura nacional ao invés de curtir algo de fora, mostre esse texto aqui (http://irishpunkbrasil.blogspot.com.br/2015/03/porque-comemorar-o-dia-de-sao-patricio.html) e lembre se que cultura e festividades são costumes mundiais e quando mais conhecemos a cultura dos outros, mas ricos culturalmente nos tornamos. Abraços!