Essa resenha não é de nenhum show do gênero irish punk, mas dessa
vez vamos quebrar o protocolo, por quê a situação merece.
A expectativa era grande naquela quinta feira no estado de
Minas Gerais, em pleno meio de semana tivemos um show pra ir, cantar, beber e
rever os amigos e conhecidos.
A banda
Faca Preta de São Paulo abriu o show e francamente, como é bom ver que
temos uma nova geração fazendo um som dessa qualidade, boa letra, bons refrões,
um instrumental encaixado, ganharam minha admiração sem dúvida nenhuma é aquele
tipo de apresentação que faz com que você faça questão de ir no próximo som dos
caras, aos que ainda não conhecem o som do Faca Preta fica aqui a minha
indicação direta e clara: escutem o som desses caras!
Blind
Pigs foi a segunda a subir no palco, "meo"... Eu na casa
dos meus trinta, o Blind Pigs com mais de vinte anos de estrada, estar ali significava
basicamente reforçar os ecos de minha adolescência, riffs letras e
refrões que moldaram meu jeito de pensar e agir. A melhor coisa disso é sentir
a reciprocidade do entendimento da importância do que acontecia ali, tanto por
parte do público quanto por parte dos caras da banda, a energia a mil num show
que entrou pra história da cena underground de Belo Horizonte. Henrike
comandando a legião de inconformados no meio do povo, junto do público numa só
voz. Música é uma coisa que transcende e nós move a todos, ali entre nossos
iguais deixando sair da garganta a empolgação do som, a adrenalina aumentando,
endiabrados não podíamos mais parar, essa é a natureza punk rock brasileira.
Algo
inconcebível mesmo aconteceu no final daquela noite, como conversamos na porta
do show, já chegamos a sonhar com shows difíceis de acontecer en Minas Gerais,
"n" bandas do meio underground que de alguma são mais
conhecidas e divulgadas, mas um show do Evil Conduct direto da Holanda
para BH era algo tão distante que sequer foi verbalizado por nenhum de nós e
bom... Lá estávamos todos diante dos caras e o som acontecendo, todos os
clássicos ali. Um choque desse, numa época árida em termos de cena, é algo
fantástico. Aos que restam no barco, do interior ou das capitais, aos que
insistem de alguma forma e mantém a chama acesa, aquela quinta feira serviu
além de qualquer expectativa. Inflamou muito nossos corações, e provou que a
apesar das dificuldades de relacionamento humano, barreiras financeiras e
outras tretas típicas, ainda há onde respirar, ainda estamos vivos e a cena
pode e deve continuar. Depende de todos, absolutamente todos e cada de um nós,
as produtoras, a grandes e pequenas bandas, as casas e espaços de show, selos,
blogs, etc.
Foi
assim a noite de quinta em BH, rever velhos e novos amigos de show na porta do
rolé, no consenso geral sabe o que faltou? A molecada de quinze anos de
idade. Faço votos que alguma onda venha e comecem a aparecer uma nova geração,
há de ser feito um trabalho de base, não podemos ser a última tripulação desse
navio.
Galeria de Fotos
Abrindo a noite os paulistas do faca Preta |
Galera cantando e bebendo junta |
Blind Pigs |
e uma legião de inconformados |
Evil Conduct |
Han, lenda viva do street punk mundial. |
Texto: Willians Roner em coloboração com Patrick Oliveira
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