Hoje faz70 anos da libertação de Auschwitz e muito se leu e ouviu a respeito da memória desse triste episódio da humanidade. A Segunda Guerra nos deu muitas histórias tristes mas também histórias de grande bravura e coragem, e aqui vai uma delas que tem tudo haver com nosso empoeirado e melhor blog de Celtic Rock da América Latina.
Alguns soldados empunham fuzis, outros, bagpipes |
O nome do herói é William ''Bill'' Millin e sua bravura lhe rendeu uma estátua em sua homenagem em Colleville-Montgomery, na Normandia. O Dia era 6 de junho do ano de 1944, o local era Normandia e, vestindo um antigo kilt de seu pai, que o havia usado na Primeira Grande Guerra, William Millin tinha só tinta 21 anos de idade e sua gaita de fole em punho diante dos tiros de fuzil na resistência alemã.
Em Normandia Millin se viu dentro d'água marchando em direção à praia em meio as balas alemãs. O soldado ao seu lado logo foi baleado no rosto, e boiou no mar à sua frente. Esse foi o primeiro de muitos a cair envolta dele. Enquanto soldados corriam e desesperadamente cavavam trincheiras, Millin calmamente andava pelo fronte entoando clássicos. Muitos soldados, ao ouvir a gaita, acenavam e comemoravam - mesmo que uns ou outros o chamassem de "Mad Man". Na guerra onde os homens carregavam fuzis e metralhadoras, a arma de Millin era sua gaita, que cuidadosamente carregou sobre a cabeça até alcançar terra. Millin contou depois que conversou com snipers alemães capturados no front e eles afirmaram que não atiraram nele porque pensavam que ele era louco.
Sua estátua em Colleville-Montgomery, FR |
Já naquela época uso de gaitas de foles era restrita a áreas de retaguarda pelo exército britânico.
Quando Millin questionou isso ao eu superior, citando os regulamentos, Lord Lovat respondeu: "Ah, mas isso é o Ministério da Guerra Inglês você e eu somos ambos da Escócia, logo isso não se aplica".
Foi ao comando de Lord Lovat, o Chefe do clã Fraser e brigadeiro de 2.500 homens, que Bill iria cravar seu nome na história, Lovat encarregou o jovem soldado a tocar uma música para inspirar os homens em batalha disse o Lord Lovat. "Dêem-nos Highland Laddie, soldado."
"The Road to the Isles" foi outra música que manteve o espírito forte da tropa enquanto Bill entoou em sua gaita em meio a batalha em Sword Beach.
Naquele mesmo dia Millin e sua unidade marchariam 6.5 km continente adentro até um ponto estratégico para os alemães conhecido como Pegasus Bridge. A tomada de Pegasus Bridge foi vital para a virada na batalha contra Hitler e os aliados. Inclusive, a certa altura da conquista de Pegasus Bridge Millin parou para tocar "The Nut Brown Maiden" a pedido de uma menina ruiva que apareceu na porta de sua casa em uma fazendo que os soldados estavam atravessando.
Reunião dos 35 anos de tomada da Normandia |
De acordo com Millin, os piores momentos era quando ele estava entre os feridos, quando se sentia inútil enquanto andava entre eles e tocava incansavelmente sua gaita. Ainda sim, um dos sobreviventes relatou que nunca esqueceria o choro da gaita de Millin. "É difícil de descrever o impacto que ele tinha. Assim como o orgulho que sentimos, aquilo nos lembrava nossa casa e o porque estávamos lá lutando por nossas vidas e pelos daqueles que amávamos".
Piper 'Bill Millin fica um lembrete da bravura e sacrifício feito por pessoas comuns em tempos extraordinários. Ele mesmo não se considerava um herói: "Eu tive muita sorte". E quando disseram que ele seria lembrado com honrarias, retrucou rapidamente " Se eles lembrarem do bagpiper, eles não vão esquecer daqueles que lutaram e caíram".
No final das contas, Millin doou sua única arma, a gaita, ao Museu Nacional da Guerra, em Edinburgh. Ele faleceu em 17 de Agosto de 2010, aos 88 anos.
He gave us the tune! |
(esse foi para o nosso Ponchião louco que passa mal com Black Tartan Clan)
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